terça-feira, 26 de junho de 2012

Exus são Demônios - Parte 4



Não podemos esquecer que as religiões de “matriz africana”, em geral “a massa” compõem-se de pessoas humildes, de pouco estudo. Um universo onde apenas alguns se destacam, estudam, se aprofundam.


Aqui encerra a questão do Exu Lúcifer. Historicamente, Lúcifer vem a ser a representação sincrética do “Triângulo de Forças”.

Este “triângulo” ou “pirâmide” reúne as três forças (ativa, passiva e neutra), que deve ser fundamentado no alicerce das casas. A Goétia, no caso, foi a maneira encontrada na época para lidar com estas energias. (quando digo “época” me refiro à primeira metade do século passado)

Em outras palavras, Não é uma coisa “ecumênica” que rege o Universo em escala maior, mas algo construído “internamente”, o fundamento de uma casa de Quimbanda. Também não tem nada a ver com “trindade oposta”, pois seria até ridícula a idéia de se opor ao cristianismo. Não desta forma. A Quimbanda não precisa disso; talvez em outras épocas, quando a ignorância era muito grande.

Claro que estes conceitos desembestaram egrégoras que até hoje se acredita reger um lado sinistro do Universo. Cada um acredita no que quer. Mas a princípio este fundamento era pra ser dinâmico. A posição da pirâmide pode mudar de acordo com a “entidade chefe” da casa em questão. Isso é bastante complexo, e tem a ver com a preparação energética dos terreiros, assentamentos, etc.

É por esta razão que não devemos levar ao pé da letra o que está escrito nos livros. Afinal, quem escreveu em idos de 40/70 acabou carregando demais as literaturas de conceitos da época. Em geral baseados em suposições e obscurantismo, até para preservar determinados preceitos. Cada casa é um caso. Na prática mesmo, a Quimbanda é bastante dinâmica; e esta sempre evoluindo.

Voltando ao Exu Lúcifer, não temos somente uma única entidade que se manifesta dentro dessa esfera energética. Temos muitas entidades na “ordem de comando”, que em geral podem ser relacionadas a Lúcifer, justamente por terem uma função dentro desta estrutura. Inclusive o próprio Exu “chefe do terreiro”. Razão por que em outro tópico disse que a idéia de Lúcifer esta mais próxima de Exu Rei.

Exu Rei é uma entidade misteriosa. Para quem admite o sincretismo, ele se desdobra em três grandes forças (Lúcifer, Belzebuth e Astaroth). Para quem não segue nenhum sincretismo, este será unicamente Exu Rei. Mas seu fundamento é feito em “três etapas”.. (???).

Sendo assim, considero que Lúcifer na Quimbanda foi assimilado como uma entidade na cabeça de algumas pessoas. Como é o caso no livro “Reino de Kimbanda”, Exu Rei da Lira > Lúcifer.

O Rei da Lira é uma entidade que tem seus caminhos pela arte, boemia e a música. Lúcifer, supostamente teria seus caminhos no “conhecimento oculto”. São coisas bem diferentes. Por isso volto a repetir, Lúcifer na Quimbanda tem mais a ver com Exu Rei. Hoje estou mais certo disso.

Uma pessoa que carrega uma entidade desta “ordem”, por alguma razão, acaba a intitulando de Lúcifer. Talvez para passar um ar mais refinado, poderoso.

As pessoas buscam atrelar estes sincretismos às suas entidades pessoais por diversas razões. Algumas por falta de conhecimento; outras por soberba mesmo. Pois quem realmente sabe evocar alguma coisa, mantém o anonimato.

Por outro lado, se analisar o que já expliquei sobre Exu Rei e o Triângulo, compreende que estes fundamentos podem ser aplicados sem nenhuma inserção de Goétia. Basta entender os princípios e aplicá-los. O que não impede, é claro, de continuar com o sincretismo, se assim preferir.

Se usá-lo, contudo, há de entender que Lúcifer se trata deste Logos, desta “esfera” pela qual todas as entidades estarão sendo regidas em âmbito local (seu terreiro). Lúcifer também pode ser entendido como aquela entidade que traz uma doutrina, pois vem para organizar o culto e sua magia de maneira mais restrita.

Assim como necessariamente não precisa ser Lúcifer, mas conforme a estruturação energética do local, pode se apresentar entidades “na irradiação” de Belzebuth, Astaroth, Asmodeus, enfim. Cada casa é um caso.

...fim da Parte 4...

Um comentário:

  1. È importante os ensinamento de varias doutrinas existentes na terra para o livre abitrio de escolha e afinidades!

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