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segunda-feira, 18 de junho de 2012
Exus são Demônios? - Parte 2
Seriam os Exus verdadeiros demônios?
Nesta Parte 2, vamos divagar alguns dados importantes para entender a Quimbanda. Independente de concordarem ou não (é meu ponto de vista, limitado por sinal), depois podemos ir debatendo.
Vejamos:
A primeira coisa a se fazer aqui é separarmos o Exu yorubá do Exu da Quimbanda.
Muito embora os espíritos da Quimbanda tenham sido, a princípio, assimilados com as mesmas características, com o passar dos anos foi-se constatando que se trata de outra coisa.
O Orixá Exu é outra energia, bem distante das entidades da Quimbanda. A única relação que existe entre ambos é aquela do sincretismo com o diabo.
Em se tratando de planos, eu diria que o Exu yorubá (o Orixá) é uma divindade que permeia em todos os planos da existência. Para explicar isso despenderia um longo texto, o que não gostaria de me prender a isso agora. As entidades de Quimbanda são espíritos que co-habitam o plano astral. Salvo algumas exceções..
A confusão reinante existe por que no Brasil temos várias raízes. Normalmente as religiões de “matriz africana” são influenciadas pelas Nações.
Aquelas pessoas cuja escola é de raiz bantu, tenta explicar Exu com base na tradição bantu. Mavambo e Pambu Njila; ao passo que aquelas cuja raiz é yorubá tenta explicar com base na tradição yorubá. Exu e Bombogira. Ainda há a tradição JêJe, os Fons do Daomé, que cultuavam Legba, Elegbara (este último sendo o plural de Legba).
O problema é a deturpação e formação de corruptelas que ao longo do tempo foi surgindo.
A questão das imagens serem carregadas de elementos “diabólicos”, não vejo assim. As imagens têm muitos elementos ocultos que devem ser analisados com profundidade. O assunto é bastante extenso, mas só as estatuetas de gesso mereceriam um tópico a parte para debate.
Por outro lado, é dito que não enxergamos com os “olhos”, mas com o cérebro (melhor, com a “mente”). Os olhos são apenas neurotransmissores de luminosidade. Enxergamos, na verdade, somente aquelas imagens guardadas no subconsciente, comprovadamente.
Que quero dizer com isto?
A idéia que as pessoas fazem do objeto de suas crenças é projetado na tela mental em forma de deuses, anjos, entidades, encantados, totens, demônios, etc, etc.
Ainda há quem “enxergue” os Exus desta forma – demoníaca.
Mas quem dirá que são assim realmente?
Os espíritas enxergam seus “guardiões” como figuras faraônicas; umbandistas como “magos”; quimbandeiros como “homens da corte”, fidalgos, feiticeiros, chefes tribais. Enfim.
A Goétia teve uma bela contribuição na construção dessas imagens, pois, é na Goétia que os espíritos são classificados por Títulos de Nobreza.
Muitos quimbandeiros hoje em dia compreendem seus Exus desta forma; como homens e mulheres de destaque, sensuais, clássicos, livres e cheios de vaidade.
Eu diria até que este conceito de “demônio” é coisa da cabeça das pessoas, que ao passar um “ar macabro”, pensam que um demônio não teria mais o que fazer, a ficar bebendo e fumando em seus corpos, soltando gargalhadas. Isso é patético.
É preciso analisar também o contexto histórico. Quando os primeiros jesuítas estiveram na África, se estarreceram diante das estátuas de Legba, a divindade dos Fons, senhor das encruzilhadas. Logo identificaram o deus fálico Príapo, por causa do “falo”, para depois demonizá-lo juntamente com a divindade Exu dos yorubás.
Esta “demonização” é histórica, e se fundamenta na ignorância.
...Fim Parte 2...
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